domingo, 28 de outubro de 2012

Almeida Garrett

Seus Olhos


 
Seus olhos – se eu sei pintar 
O que os meus olhos cegou – 
Não tinham luz de brilhar, 
Era chama de queimar; 
E o fogo que a ateou 
Vivaz, eterno, divino, 
Como facho do Destino.  Divino, eterno! – e suave 
Ao mesmo tempo: mas grave 
E de tão fatal poder, 
Que, um só momento que a vi, 
Queimar toda alma senti... 
Nem ficou mais de meu ser, 
Senão a cinza em que ardi. 

Almeida Garrett

Não te amo, quero-te: o amar vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma do jazigo.
Ai!, não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai!, não te amo, não!

Ai!, não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado.
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! Não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.





Obs: Tão contraditório e belo!

Noite de Sábado.

Com a idé ia da necessidade de distração, indo a um partido alto alegrar o coração.
Músicas de todo tipo mas o pensamento estava longe.
coração!, como pode após  tanto,  sentir-se encantado?

Deve haver explicação, almas que não se esquece o corpo perde a noção.
  Na dúvida brinco de não senti e engano-me.

 Mas, ao ouvir  música este recorda com emoção, a idé ia de amar quem a ti não merece, mas, quer sem restrição.
Há coração!

PABLO NERUDA



Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o “preto no branco” e os “pontos nos is” a um turbilhão de emoções indomáveis,  justamente as que resgatam o brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeções, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não tentando um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples ato de respirar. Estejamos vivos, então!”

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Sem.

Medo!
 quantos de nós se perdeu  no tempo por causa do medo?
Pela inercia?
Aqueles olhos tão vivos, tão escondidos do alcance, .
 Deixo a inercia o leva pois,
já não tem expectativas.

 Alma sente, a presença da falsa tranquilidade, que esconde a inquietude com essa aparente frieza de ser.
Não liga,  tanto faz,
 Ainda soa estranho aquele nome sendo pronunciado pós tanto tempo.
Não re  agi, porque na dúvida, melhor não fazer nada.
Deixa o tempo passar, quem sabe só o tempo apagará, essa estranheira que paira no ar!